Aquele momento em que se escorrega da vida, parte-se do suor
para a queda. Queda livre, dizendo-se bem, até o encontro provavelmente
derradeiro com a matéria. A partir daí já não se sabe mais o que é livre ou
não, já que o resultado também nos é uma incógnita, mas mesmo senão o fosse, a
interrogação continuaria. Ela sempre continua, apesar da procura incessante de
repostas, esquecendo-se sempre da pergunta. Alguns nos chamariam de burros, eu
iria mais pelo lado da ingenuidade, que de burrice muito já é justificado.
Eu estava falando
da queda, pois bem, nos voltemos a ela. Ela pode ser metafórica ou real,
falemos sobre o que existe, independente da sua escolha, porém, para mim,
aquela é, por mais bizarra e porca que seja, mais charmosa que a outra, sempre
cruel, sendo ela qual escolhemos. Entretanto, a minha voz não se faz presente
aqui.
A queda pode ser
fruto de um tropicão, o que soaria bobo, mas como estamos falando de realidade,
foi assim que se sucedeu. Tropicou-se e caiu-se. Temos atos em cadeia. Poderíamos
pensar que se tropicou, caiu-se, desfaleceu-se, morreu-se. Sem saber quem é, tudo
é muito bom e divertido.
A sucessão aqui
está clara, pelo menos para quem escreve. Quem lê, o faz como quer, caso
queira. Quando a queda de algo tão importante é vista por esses olhos, ela
vai-se em câmera lenta, pixel por pixel, para usar a linguagem mais apropriada.
O meu tropicão o fez cair, eu tentei agarrá-lo, mas meu reflexo não foi o
suficiente para poupá-lo do choque que poderia ser fatal, se o foi saberemos se
vida há.
Para medir o
tamanho da tragédia devemos ser honestos, a queda é grande dependendo do
tamanho daquilo que cai e da distância. Nesse caso, então, agradeço por
poupar-lhe a vida, ó Deus, que deve haver um que cuide dessas criaturas. Ele está
vivo, o celular sobreviveu à queda.