quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ao mórbido.

   Os cães latem ao fundo em um som agonizante,hora de acordar;
abro a janela,o sol está brilhando de forma deprimente de novo;
vou ao banheiro,lavo meu rosto,pareço um pouco mais velho,meu rosto
continua horroroso,mas ainda pior com essa barba medonha,vou fazê-la,porém não
estou entusiasmado o bastante para isso agora.É tarde,10:30 da manhã,que maçada,perdi mais algumas horas de pensamentos utópicos.Tento criar uma distopia,mas isso não faz sentido,minha vida não merece mais erros.
   Leio algo,todas as letras parecem ter o mesmo significado,elas querem,sim,ilusão!querem mostrar meus
defeitos,se não querem eu crio um sarcasmo absurdo.Continuo lendo essas palavras,procuro
por respostas em um livro de perguntas,toliçe,fecho o livro.
Meu celular toca,será alguém pretendendo saber como estou?
-Alô
-Oi,é da casa da Glória?
-Não e nunca será;respondo,sem tirar a ambiguidade da pergunta.
   Mais um engano,droga de celular,só serve para me distanciar de pessoas que eu poderia
conversar pessoalmente.
   Hora de comer algo sem gosto,sinto que meu paladar não existe mais,do amargo ao doce sempre
me chega a sensação do nada.Jogo metade da comida fora.
   Assisto a um filme que me trás reminiscências:fico extasiado,lembro,claro que lembro,sempre lembro,
como olvidar?Seu rosto é belo em minha mente ufânica,porém esta não é clara
o bastante,preciso lhe ver de perto,lhe tocar,tentar lhe persuadir para dizer "te amo"
de novo.A melancolia me consome.Esse filme é pedante,vou tirá-lo.
   Vou ao computador,procuro algo interessante,meu cachorro está me fitando,como não
achei nada de interessante,vou conversar com meu amigo,pena que essa conversa não é recíproca.Por que diabos cachorros não falam?Talvez isso seja bom,menos um para jogar na cara meu acovardamento.Bem,
ele me ouve,às vezes faz uma carinha de desentendido,a inclina um pouco para esquerda,balança
o rabinho,hora de cortar essa conversa entediante:
-Vá pegar a bolinha,Apollo.
Ele volta feliz,essa brincadeira dura alguns bons minutos.
   Apollo cansa,é tempo de entristecer algumas pessoas.
   Vou ao ponto de ônibus,uma pessoa pergunta como estou,respondo sem sinceridade,ela continua a prosear comigo.Quem é essa pessoa?ela me faz outra questão que não me atento,faço um gesto vago procurando no ar fragmentos da minha existência.
   Chego a faculdade,estou sem fome,encontro meus amigos,finalmente alguma "Glória",eles me
deixam contente,e tento os deixar da mesma forma,mas isso está ficando cada dia mais custoso.
Assisto a aula,minha amiga tenta me animar,consegue,mas quando se dispersa tudo que consigo
ver é aquele belo rosto outra vez.Que saudosismo!
   Vou para a casa,tomo remédios para nunca mais ver meu rosto mais velho.

Um comentário:

  1. Diário de bordo de um dia que vc passou..?

    você fez, na escrita, não ser um dia comum :)

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